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Irão

Irão : Polícia da moralidade volta a controlar mulheres sem véu

A polícia iraniana anunciou no domingo ter restabelecido os controlos visando sancionar as mulheres que, em cada vez maior número, não usam véu em locais públicos, depois da morte em detenção em Setembro do ano passado de uma jovem curda, Mahsa Amini, que tinha sido presa por não usar véu.

Foi anunciada esta quarta-feira a condenação da actriz iraniana Afsaneh Bayegan a dois anos de prisão com pena suspensa por ter aparecido em público sem véu.
Foi anunciada esta quarta-feira a condenação da actriz iraniana Afsaneh Bayegan a dois anos de prisão com pena suspensa por ter aparecido em público sem véu. © IranHumanRights.org/Twitter
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Alguns meses depois de ter sido anunciada, em Dezembro do ano passado, a sua extinção, a polícia da moralidade voltou a patrulhar nas ruas, Saïd Montazeralmadhdi, porta-voz da polícia, tendo anunciado no domingo que as autoridades "voltariam a patrulhar de carro ou pé , para avisar e sancionar as pessoas que infelizmente desobedecem às ordens e continuam a não respeitar os usos em termos de vestuário".

Este anúncio acontece cerca de dez meses depois da morte, no dia 16 de Setembro de 2022, de Mahsa Mamini, jovem curda de 22 anos que tinha sido detida pela polícia da moralidade por não usar o véu, conforme estabelecido desde a revolução islâmica de 1979.

Este episódio marcou o início de uma onda de protestos sem precedentes no país que levou o executivo a decidir extinguir a polícia da moralidade no início de Dezembro do ano passado.

Desde essa decisão, numerosas mulheres no Irão deixaram de usar véu em locais públicos. Um fenómeno perante o qual o poder iraniano parece pretender agora novamente apertar o cerco.

Nesta quarta-feira, uma conhecida actriz iraniana, Afsaneh Bayegan, foi condenada a dois anos de prisão com pena suspensa por ter sido vista sem véu em público e ter partilhado as fotografias nas redes sociais, anunciou hoje a agência noticiosa iraniana Fars.

A artista de 61 anos está proibida de deixar o país e de utilizar as redes sociais durante dois anos. Ela foi igualmente condenada a comparecer semanalmente num centro de cuidados psicológicos para "tratar o distúrbio mental da personalidade", indica ainda a agência Fars.

Refira-se que na segunda-feira a polícia da moralidade também encerou uma importante rede de centros educativos por ter alegadamente "incitado" os seus alunos a participar nas manifestações desencadeadas desde o ano passado.

As autoridades iranianas acusam os centros educativos Gaj de ter escolhido para exames, textos do poeta iraniano do século passado, Farrokhi Yazdi, incitando à revolta contra o poder monárquico da sua época. Fundada em 2002, Gaj é uma das principais redes de centros de preparação para a entrada no ensino superior no Irão.

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