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Irão

Irão anuncia a abolição da polícia da moralidade

O Irão anunciou ontem a abolição da polícia da moralidade, entidade que no passado dia 13 de Setembro tinha detido a jovem Mahsa Amini por supostamente não usar adequadamente o véu islâmico e cuja morte desencadeou uma onda de protestos em larga escala em todo o país.

Depois da revolução islâmica de 1979 no Irão, as mulheres passaram a ter que usar o véu conforme estipulado numa lei datando de 1983.
Depois da revolução islâmica de 1979 no Irão, as mulheres passaram a ter que usar o véu conforme estipulado numa lei datando de 1983. BEHROUZ MEHRI / AFP
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"A polícia da moralidade foi abolida por aqueles que a criaram". Foi o que anunciou ontem o procurador geral Mohammad Jafar Montazezi ao referir-se ao fim da polícia criada durante o mandato do presidente ultraconservador Mahmud Ahmadinejad, no período 2005-2013, para fazer respeitar escrupulosamente a "cultura da decência e do hijab (o véu islâmico)".

Este responsável anunciou igualmente que iriam ser encetadas discussões sobre a obrigatoriedade do véu no espaço público para todas as mulheres, um princípio plasmado numa lei datando de 1983, logo após a revolução islâmica 4 anos antes, um princípio em torno do qual se têm polarizado posições cada vez mais antagónicas.

Ainda no passado mês de Julho, o presidente ultraconservador Ebrahim Raïssi, apelou à mobilização de "todas as instituições para reforçar a lei sobre o véu", alegando que "os inimigos do Irão e do Islão pretendem atacar os valores culturais e religiosos da sociedade" do seu país.

Só que entretanto o contexto mudou drasticamente e as autoridades iranianas têm estado a braços com uma forte onda de protestos subsequentes à morte em Setembro da jovem curda Mahsa Amini após ter sido detida precisamente pela polícia da moralidade por alegadamente não usar convenientemente o véu islâmico.

De acordo com a ONU, desde Setembro terão morrido mais de 300 pessoas, entre as quais mais de 40 crianças, na repressão das manifestações qualificadas pelas autoridades iranianas como sendo "motins" com envolvimento externo. Ainda hoje, a agência noticiosa oficial Fars, deu conta da execução de 4 pessoas acusadas de terem cooperado com os serviços secretos de Israel, país que juntamente com os estados ocidentais é acusado de estar na origem dos protestos no Irão.

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