Avanço de jihadistas e curdos no Iraque pode causar divisão no país
O exército iraquiano lançou nesta quinta-feira (12) uma ofensiva aérea sobre as posições dos jihadistas no centro de Tikrit, no norte do país. As bombas visaram o conjunto de palácios presidenciais do ex-presidente Saddam Hussein, que caiu nas mãos dos combatentes sunitas. Os curdos também conquistaram Kirkouk, que era alvo de disputa com o poder central de Bagdá. O país corre o risco de uma divisão política.
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A ofensiva fulgurante dos jihadistas no norte e oeste do Iraque pegou o governo do primeiro-ministro Nouri al-Maliki de surpresa. Os soldados formados pelos Estados Unidos desertaram de suas posições e fugiram, deixando uniformes e veículos militares para trás.
A cidade de Tikrit, a 160 km, ao norte de Bagdá, caiu na quarta-feira (11) nas mãos do grupo jihadista do Estado Islâmico do Iraque em Levante, que também alastrou suas conquistas para a província de Nínive e outras cidades como Kirkouk e Diyala, mais ao sul.
As quatro províncias têm territórios reivindicados pelo governo e pela região autônoma do Curdistão. Esta região é formada por três províncias com fronteiras com o resto do Iraque, que têm seu próprio governo e suas forças de segurança.
Com a fuga dos soldados iraquianos, as forças curdas tomaram pela primeira vez o controle da cidade petrolífera de Kirkouk, que eles querem integrar ao seu território.
Risco de divisão
O governador de Kirkouk, Najm al-Din Karim, declarou que os curdos preencheram o vazio deixado pelos soldados iraquianos que fugiram.
Os analistas indagam o que vai acontecer agora, com as forças curdas ocupando as zonas abandonadas pelas forças iraquianas. "Os curdos se colocam diretamente na linha de mira", afirmou à AFP o jornalista e cientista político Asos Hardi. Ele acha que este risco pode ser demonstrado com o recente atentado contra o ministro curdo Jaafar Mustafa, em Kirkouk, no qual morreu um combatente curdo. O ministro saiu ileso.
A presença dos jihadistas nas províncias vizinhas da região autônoma curda também traz grandes riscos econômicos. O fato de uma grande organização islâmica estar na entrada do Curdistão é uma fonte de preocupação para os investidores e os habitantes.
Se os jihadistas conseguirem controlar as áreas sunitas, o Iraque corre o risco de se dividir em três zonas distintas: curda, árabe sunita e xiita.
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