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Irão

Repressão, silêncio e crise económica no Irão marcam ano após a prisão de Mahsa Amini

Um ano após a prisão de Mahsa Amini, jovem iraniana que acabou por morrer após ser detida pela polícia da moral, mesmo se as manifestações são cada vez menos frequentes no país, a insatisfação continua a aumentar com a crise económica e a inflação a preocuparem os iranianos.

Um ano depois, a morte de Masha Amini levou a uma maior rpressão no Irão.
Um ano depois, a morte de Masha Amini levou a uma maior rpressão no Irão. © RFI
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Para a polícia da moral iraniana, Mahsa Amini não estava correctamente vestida há um ano quando passeava com a família em Teerão. A jovem de 22 anos não estaria a respeitar de forma integral a obrigatoriedade da utilização do hijab e por isso foi presa, tendo morrido três dias depois em circunstâncias suspeitas, levando aos maiores protestos de sempre no Irão desde a revolução islâmica em 1979.

Muitas mulheres, mas também muitos homens saíram à rua não só no Irão, mas em todo o Mundo contra a repressão das mulheres e meninas no país, alastrando-se às redes sociais e levando cada vez mais iranianas a saírem à rua sem o tradicional véu, numa atitude desafiante face ao poder político e religioso.

No entanto, o preço por maior liberdade de expressão foi pesado, com a Iran Humans Rights a calcular que 537 manifestantes terão sido mortos entre Setembro de 2022 e Abril de 2023, entre eles 48 mulheres e 68 crianças, e pelo menos 309 pessoas terão sido executadas devido à participação nos protestos. Estima-se que milhares de pessoas tenham sido feridas e milhares foram também detidas.

Um ano depois, a repressão está mais violenta, com a polícia da moral a fazer mais controlos, com a instalação de cameras que visam vigiar as mulheres nas ruas das grandes cidades e uma nova lei a ser discutida actualmente no Parlamento que visa reforçar as regras de vesturário impostas às iranianas. Segundo as autoridades, este projecto de lei serve para "apoiar a cultura do hijab e da castidade", querendo reforçar as sanções financeiras sobre quem não usar véu.

Uma iraniana, que preferiu permanecer anónima, disse ao jornalista da RFI, Nicolas Falez, que raramente utiliza o véu em público, embora compreenda que muitas iranianas são obrigadas a continua a utiliza-lo.

"Durante este ano acho que só utilizei o hijab uma ou duas vezes. Tenho sempre um lenço na mala. Se mcruzo com alguém que tenha posições extremas não quero criar um confronto nem colocar-me em perigo, utilizo-o. Mas nunca uso o hijab, talvez as duas ou três excepções neste último ano tenham a ver com as minhas idas a gabinetes administrativos do Governo onde há cameras e eles podem mesmo recusar-se a atenderem-me sem o hijab. Muitas das minhas amigas também não usam, mas algumas são obrigadas a usá-lo durante o trabalho, o que não é o meu caso. Outras usam-no enquanto conduzem porque correm o risco de ser identificadas. Depende de cada pessoa", afirmou esta iraniana que participou em várias manifestações, mas deixou de ir devido à forte repressão.

A maioria da população está contra o reforço destas sanções, mas com uma inflação de 50% que tem feito explodir os preços, especialmente dos bens essenciais, o véu deixou de se ruma prioridades, com os iranianos preocupados agora em conseguirem fazer refeições e pagar os seus gastos mais básicos, levando a um descontentamento geral contra o Governo.

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